Da autoria de Jean Cocteau e Francis Poulenc, esta ópera em um acto contou com a jovem soprano Inês Villadelprat
A Orquestra Clássica da Madeira levou a ópera "A Voz Humana" - adaptação em forma de tragédia lírica que o compositor Francis Poulenc fez de uma peça escrita nos anos 30 por Jean Cocteau - aos palcos do Teatro Municipal Baltazar Dias e do Fórum Machico.
Nesta ópera em um acto, escrita para uma personagem feminina, testemunhamos o telefonema de uma mulher (interpretada pela soprano Inês Villadelprat) ao amante que a abandonou. Arrebatada pelo sofrimento, esta mulher deixa-se levar sem pudor ao extremo da dor e do sentimento de perda. Durante a conversa, que passa por diversos registos de sofrimento, cólera e solidão, o público apenas pode adivinhar o que é dito do outro lado da linha. «A pouco e pouco, a mulher vai aceitando a inevitabilidade da ruptura, culminando num canto de queixume que condensa toda a sua humanidade e fraquezas. Cocteau pretendia mostrar sem preconceitos a crueza e a banalidade das relações», explica a OCM. «Trata-se de um monólogo a duas vozes, repleto de emotividade, que obriga a um cuidado trabalho de encenação e interpretação na gestão das palavras e silêncios».
Francis Poulenc (1899-1963), tal como Cocteau, pertencia à comunidade artística "avant-garde" frequentadora dos cafés de Montparnasse, o coração da vida intelectual e artística parisiense dos anos 20. Compôs música em variados géneros: música de câmara, religiosa, ópera, ballet e orquestra.
A encenação deste espectáculo é da responsabilidade de
João HenriquesFormado em Canto na Escola Superior de Música de Lisboa, pós-graduou-se com distinção em Teatro Musical na Royal Academy of Music de Londres. Professor residente de voz e elocução no Teatro Nacional de S. João, este jovem encenador foi o responsável, em 2003, pelo espectáculo "Ma Mère l'Oye", com os pianistas Fausto Neves e Pedro Burmester, para o serviço educativo da Casa da Música, e comissariou o concerto músico-cénico "InezEléctrica" apresentado no Salão do Teatro S. João. Encenou, para o mesmo teatro, o espectáculo "A Menina do Mar", a partir do conto de Sophia de Mello Breyner Andresen, com música de Fernando Lopes Graça.
Dirigiu, com Ricardo Pais, "Sondai-me! Sondheim", espectáculo no qual foi também intérprete. Em 2004, encenou "La Voix Humaine", de Francis Poulenc/Jean Cocteau. Entretanto, foi assistente de encenação em diversos outros espectáculos.
Esta ópera será dirigida no Funchal por Rui Massena, director artístico e maestro titular da OCM. Licenciado em Direcção de Orquestra pela Academia Nacional Superior de Orquestra, em Lisboa, estudou ainda em Itália e em França. Massena já dirigiu orquestras em concertos em várias cidades, entre as quais Roma, Florença, Milão, San Remo, Trento, Nápoles, Bruxelas e Genk, Cidade do México e Monterrey, Valência e Zurique.
A única cantora desta ópera
Inês Villadelprat, soprano e única intérprete vocal desta ópera, iniciou os seus estudos com os professores Filipe e Norma Nabucco-Silvestre, em piano e canto, respectivamente. Iniciou em 2001 o curso de canto na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, licenciando-se com 18 valores.
Em 2004 ingressou no Estúdio de Ópera da Casa da Música do Porto, onde, até 2006, participou em recitais temáticos mensais e estudou com o professor Peter Harrison. Frequentou "masterclasses" com Jill Feldmann, Jeff Cohen, Birgit Wegemann, Rufus Müller, Maria João Pires e Montserrat Caballé, entre outros.
Colabora frequentemente como solista com o grupo Porto Galante, dirigido pelo maestro Filipe Veríssimo.
O seu último trabalho em oratório foi como solista na obra "Travessia", de Joaquim Gonçalves dos Santos, em conjunto com o Coral de Chaves, e a Orquestra do Norte, dirigida pelo maestro José Ferreira Lobo. Também sob direcção deste, interpretou recentemente a personagem "Barbarina", da ópera "As Bodas de Fígaro", de Wolfgang Amadeus Mozart.
Actualmente, lecciona no Conservatório/Escola Profissional das Artes da Madeira Eng. Luíz Peter Clode, no curso de Canto.